Faço parte da sociedade calvinista

quarta-feira, 13 de julho de 2011


Denúncias e anúncio de Deus
Texto de Isaías 1.2-9
Escutai, ó céus, e atenta, ó terra, pois assim falou o Eterno: Criei filhos e os exaltei, mas eles se rebelaram contra Mim” (Bíblia hebraica).
   Deus por meio do Profeta denúncia seu povo, convoca céus e a terra como testemunhas fiéis que comprovam a veracidade da acusação. A denúncia de Deus está baseada pelo menos em três pecados: ingratidão, ignorância e teimosia. Como consequência destes pecados o profeta apresenta três imagens que mostram os efeitos do pecado de Israel. A primeira imagem é de um corpo humano todo machucado, a segunda imagem é de um território urbano e rural destruído e por último a imagem de uma moça que está isolada e sem saída diante do perigo que se aproxima. Contudo no versículo nove Deus por meio de sua graça salva o seu povo de total destruição.

                                           Denúncias
I.                  Ingratidão

     Nos versículos de 2 a 5 do texto nós encontramos Deus denunciando o seu povo. A primeira denúncia esta relacionada ingratidão do povo que pelas suas atitudes revelam nem um pouco de reconhecimento por aquilo que Deus havia feito por eles. O profeta Isaías no versículo 2 mostra em que consistia esta ingratidão. Em primeiro lugar o povo de Deus era ingrato por não reconhecer a paternidade de Deus, pois o texto afirma que foi o Senhor que havia gerado aquela nação. Israel tinha sido por Deus criado para sua Glória e o seu louvor (Is. 43.21), contudo o povo vivia a seu modo sem dar satisfação alguma a Deus que era seu Pai. O povo era ingrato em segundo lugar porque não reconheceram o “cuidado e o amor de Deus” (Bíblia Viva). Israel parece que sofria de amnésia, o povo em toda a sua história era testemunha dos feitos do Senhor, em todos os aspectos da vida da nação nunca os havia faltado nada, pois Deus sempre provia meios para atender as necessidades do seu povo. Outro aspecto relacionado à ingratidão estar no não reconhecimento daquilo que eles eram agora por causa de Deus Ez. 16. 1-14. Israel era um povo insignificante, porém Deus decidiu amar e cuidar de Israel de forma que a nação tornou-se forte e famosa de posição elevadíssima v. 2 “... e os exaltei...” Ezequiel 16.14 diz que toda a glória de Israel refletia de Deus.  O texto de nossa análise diz que este povo esquecera suas origens (ler também Ez. 16.3-5). Por último o profeta diz que esta ingratidão refletia a quebra da aliança de Deus. Deus escolhera esta nação para representá-lo na terra, ser referência no culto, na vida e sociedade e como sacerdotes proclamar a glória de Deus.

II.               Ignorância
  Em linguagem metafórica para apontar a ignorância de Israel, Isaías diz que o boi e o jumento por mais irracionais que sejam conhecem tanto o seu possuidor como o lugar onde seu alimento é depositado, mas o povo de Israel não tem o conhecimento do Senhor.  Esta ignorância de Israel originava-se em primeiro lugar da falta de discernimento espiritual, o povo havia perdido a visão da glória de Deus, o que proporcionou uma visão distorcida daquilo que Deus queria para o seu povo (vs. 11-17). Em segundo lugar esta ignorância resultara da falta de um relacionamento pessoal e salvífico com Deus, esta nação conhecia intelectualmente tudo a respeito de Deus, contudo não conhecia o próprio Deus. Como consequência desta falta de relacionamento com Deus em terceiro lugar, gerou uma nação que não tinha desejo de Deus, de agradá-lo, glorificá-lo e gozar do Senhor para sempre. O v. 3 termina dizendo que Israel não compreendeu a vontade do Senhor.

III.           Teimosia
   Em decorrência de sua desobediência, o Senhor como um Pai amoroso usou sua disciplina para trazer o povo de volta à vontade de Deus, mais Isaías surpreende-nos vs. 4 e 5 afirmando que Israel persistia no pecado a ponto de Deus os identificar em primeiro lugar, com um povo de natureza totalmente inclinada para o mal. Em segundo lugar, o profeta aponta o povo como uma herança maldita que legavam ou estavam dando continuidade aos pecados dos seus antepassados. Outro ponto interessante no texto terceiro lugar, era que a nação agora se voltava contra Deus com blasfêmias, suas palavras e suas obras eram carregadas de desprezo, revelando uma nação que persistia em agir contra a vontade do Senhor.

                Imagens que mostram os efeitos do pecado  
        
I.                  Imagem de um corpo humano
  A parte final do versículo 5 e nos versículo 6-8 Isaías apresenta algumas imagens. A primeira é a de um corpo humano todo machucado. No texto o profeta afirma que todo corpo estar ferido e destaca pelo menos três partes do corpo que na linguagem hebraica eram de suma importância. Em Deuteronômio 28.13 Moisés apresenta a cabeça como sinônimo de posição elevada, domínio e controle. Isaías nesta linguagem figurada fala da decadência política de Israel. Sua glória de nação poderosa e elevada foi ofuscada em decorrência do pecado. A segunda parte do corpo que Isaías apresenta é o coração. O coração na linguagem hebraica estar ligado a nossa sensibilidade e emocionalidade, desejo e aspiração, funções intelectuais e racionais1. Em Isaías o coração aponta para as esferas da emoção, desejo e razão que foram afetados pelo pecado da nação. A seguir temos uma segunda imagem v.7, um território urbano e rural que esta em completa destruição. O pecado da nação afetou não só a vida social como também a econômica. A terceira imagem é de uma moça (filha de Sião) personificando a nação de Israel v.8. O texto apresenta três imagens, duas estão relacionadas à agricultura: plantação de uvas e pepinos e uma relacionada à guerra. Todas estas figuras (cabana, choça, cidade sitiada) apontam para o isolamento da nação. O pecado de Israel segundo o texto tornara uma nação isolada, sem saída ou chance de escapar da iminente destruição.

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   No versículo 9 Isaías muda o conteúdo da mensagem, quando tudo parecia perdido o profeta anuncia a salvação gloriosa e incondicional que pertence unicamente ao Senhor “Se o Senhor do Universo não viesse salvar alguns...” (Biblia Viva). Em meio a toda aquela calamidade o braço do Senhor se manifestaria para salvar os seus e livrá-los da completa destruição.

Aplicação
Neste texto temos uma descrição completa de nossa condição quando estamos distantes da vontade do Senhor. Por isso este assunto é de total relevância par nossa reflexão.
  Em primeiro lugar o texto nos ensina que devemos ser gratos a Deus por ter nos escolhidos para sermos seus filhos de forma incondicional, simplesmente com base no seu amor providencial que em Cristo nos perdou e nos fez participantes de sua glória, nós que outrora “não eramos povo, mas agora somos o seu povo”. Em segundo lugar o texto nos ensina que não basta ser nominalmente cristão, conhecer doutrinas, liturgias, confissões. É necessário acima de tudo com base nas Escrituras ter um relacionamento pessoal com Deus que envolve toda a nossa existência por meio de Cristo. Terceiro lugar, persistir em rebeldia demostra o nosso despreso contra Deus e nosdsa falta de conformidade com sua vontade.
   Como consequência dos nossos pecados podemos aprender neste texto que  eles afetam a nossa conduta na sociedade, família, igrejas e acima de tudo com o Trino Deus. Os nossos pecados afetam a economia gerando desigualdades sociais, fome, miséria e nos deprime levando-nos ao isolamento, tornado-nos pessoas depressivas e descrentes da misericórdia de Deus como se os nossos pecados fossem maior que a sua graça.  
  Contudo Isaías no versículo 9 nos conforta, apresenta um Deus que salva o seu povo dos seus pecados. Sua salvação não está baseada em nossos méritos, mas únicamente  na obra de Cristo Jesus, que é suficiente para o perdão dos nossos pecados, não só do passado, mas do presente, e não se espantem, até mesmo aqueles que vamos cometer no futuro. Maravilhosa e bendita graça.
Solus Christus.  

Nota:
1. WOLFF, Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamento. Tradução Antônio Steffen; 1ª ed. ver. e atual. São Paulo: Editora Hagnos, 2007, pp. 85-89.