Faço parte da sociedade calvinista

quarta-feira, 13 de julho de 2011


Denúncias e anúncio de Deus
Texto de Isaías 1.2-9
Escutai, ó céus, e atenta, ó terra, pois assim falou o Eterno: Criei filhos e os exaltei, mas eles se rebelaram contra Mim” (Bíblia hebraica).
   Deus por meio do Profeta denúncia seu povo, convoca céus e a terra como testemunhas fiéis que comprovam a veracidade da acusação. A denúncia de Deus está baseada pelo menos em três pecados: ingratidão, ignorância e teimosia. Como consequência destes pecados o profeta apresenta três imagens que mostram os efeitos do pecado de Israel. A primeira imagem é de um corpo humano todo machucado, a segunda imagem é de um território urbano e rural destruído e por último a imagem de uma moça que está isolada e sem saída diante do perigo que se aproxima. Contudo no versículo nove Deus por meio de sua graça salva o seu povo de total destruição.

                                           Denúncias
I.                  Ingratidão

     Nos versículos de 2 a 5 do texto nós encontramos Deus denunciando o seu povo. A primeira denúncia esta relacionada ingratidão do povo que pelas suas atitudes revelam nem um pouco de reconhecimento por aquilo que Deus havia feito por eles. O profeta Isaías no versículo 2 mostra em que consistia esta ingratidão. Em primeiro lugar o povo de Deus era ingrato por não reconhecer a paternidade de Deus, pois o texto afirma que foi o Senhor que havia gerado aquela nação. Israel tinha sido por Deus criado para sua Glória e o seu louvor (Is. 43.21), contudo o povo vivia a seu modo sem dar satisfação alguma a Deus que era seu Pai. O povo era ingrato em segundo lugar porque não reconheceram o “cuidado e o amor de Deus” (Bíblia Viva). Israel parece que sofria de amnésia, o povo em toda a sua história era testemunha dos feitos do Senhor, em todos os aspectos da vida da nação nunca os havia faltado nada, pois Deus sempre provia meios para atender as necessidades do seu povo. Outro aspecto relacionado à ingratidão estar no não reconhecimento daquilo que eles eram agora por causa de Deus Ez. 16. 1-14. Israel era um povo insignificante, porém Deus decidiu amar e cuidar de Israel de forma que a nação tornou-se forte e famosa de posição elevadíssima v. 2 “... e os exaltei...” Ezequiel 16.14 diz que toda a glória de Israel refletia de Deus.  O texto de nossa análise diz que este povo esquecera suas origens (ler também Ez. 16.3-5). Por último o profeta diz que esta ingratidão refletia a quebra da aliança de Deus. Deus escolhera esta nação para representá-lo na terra, ser referência no culto, na vida e sociedade e como sacerdotes proclamar a glória de Deus.

II.               Ignorância
  Em linguagem metafórica para apontar a ignorância de Israel, Isaías diz que o boi e o jumento por mais irracionais que sejam conhecem tanto o seu possuidor como o lugar onde seu alimento é depositado, mas o povo de Israel não tem o conhecimento do Senhor.  Esta ignorância de Israel originava-se em primeiro lugar da falta de discernimento espiritual, o povo havia perdido a visão da glória de Deus, o que proporcionou uma visão distorcida daquilo que Deus queria para o seu povo (vs. 11-17). Em segundo lugar esta ignorância resultara da falta de um relacionamento pessoal e salvífico com Deus, esta nação conhecia intelectualmente tudo a respeito de Deus, contudo não conhecia o próprio Deus. Como consequência desta falta de relacionamento com Deus em terceiro lugar, gerou uma nação que não tinha desejo de Deus, de agradá-lo, glorificá-lo e gozar do Senhor para sempre. O v. 3 termina dizendo que Israel não compreendeu a vontade do Senhor.

III.           Teimosia
   Em decorrência de sua desobediência, o Senhor como um Pai amoroso usou sua disciplina para trazer o povo de volta à vontade de Deus, mais Isaías surpreende-nos vs. 4 e 5 afirmando que Israel persistia no pecado a ponto de Deus os identificar em primeiro lugar, com um povo de natureza totalmente inclinada para o mal. Em segundo lugar, o profeta aponta o povo como uma herança maldita que legavam ou estavam dando continuidade aos pecados dos seus antepassados. Outro ponto interessante no texto terceiro lugar, era que a nação agora se voltava contra Deus com blasfêmias, suas palavras e suas obras eram carregadas de desprezo, revelando uma nação que persistia em agir contra a vontade do Senhor.

                Imagens que mostram os efeitos do pecado  
        
I.                  Imagem de um corpo humano
  A parte final do versículo 5 e nos versículo 6-8 Isaías apresenta algumas imagens. A primeira é a de um corpo humano todo machucado. No texto o profeta afirma que todo corpo estar ferido e destaca pelo menos três partes do corpo que na linguagem hebraica eram de suma importância. Em Deuteronômio 28.13 Moisés apresenta a cabeça como sinônimo de posição elevada, domínio e controle. Isaías nesta linguagem figurada fala da decadência política de Israel. Sua glória de nação poderosa e elevada foi ofuscada em decorrência do pecado. A segunda parte do corpo que Isaías apresenta é o coração. O coração na linguagem hebraica estar ligado a nossa sensibilidade e emocionalidade, desejo e aspiração, funções intelectuais e racionais1. Em Isaías o coração aponta para as esferas da emoção, desejo e razão que foram afetados pelo pecado da nação. A seguir temos uma segunda imagem v.7, um território urbano e rural que esta em completa destruição. O pecado da nação afetou não só a vida social como também a econômica. A terceira imagem é de uma moça (filha de Sião) personificando a nação de Israel v.8. O texto apresenta três imagens, duas estão relacionadas à agricultura: plantação de uvas e pepinos e uma relacionada à guerra. Todas estas figuras (cabana, choça, cidade sitiada) apontam para o isolamento da nação. O pecado de Israel segundo o texto tornara uma nação isolada, sem saída ou chance de escapar da iminente destruição.

Anúncio
    
   No versículo 9 Isaías muda o conteúdo da mensagem, quando tudo parecia perdido o profeta anuncia a salvação gloriosa e incondicional que pertence unicamente ao Senhor “Se o Senhor do Universo não viesse salvar alguns...” (Biblia Viva). Em meio a toda aquela calamidade o braço do Senhor se manifestaria para salvar os seus e livrá-los da completa destruição.

Aplicação
Neste texto temos uma descrição completa de nossa condição quando estamos distantes da vontade do Senhor. Por isso este assunto é de total relevância par nossa reflexão.
  Em primeiro lugar o texto nos ensina que devemos ser gratos a Deus por ter nos escolhidos para sermos seus filhos de forma incondicional, simplesmente com base no seu amor providencial que em Cristo nos perdou e nos fez participantes de sua glória, nós que outrora “não eramos povo, mas agora somos o seu povo”. Em segundo lugar o texto nos ensina que não basta ser nominalmente cristão, conhecer doutrinas, liturgias, confissões. É necessário acima de tudo com base nas Escrituras ter um relacionamento pessoal com Deus que envolve toda a nossa existência por meio de Cristo. Terceiro lugar, persistir em rebeldia demostra o nosso despreso contra Deus e nosdsa falta de conformidade com sua vontade.
   Como consequência dos nossos pecados podemos aprender neste texto que  eles afetam a nossa conduta na sociedade, família, igrejas e acima de tudo com o Trino Deus. Os nossos pecados afetam a economia gerando desigualdades sociais, fome, miséria e nos deprime levando-nos ao isolamento, tornado-nos pessoas depressivas e descrentes da misericórdia de Deus como se os nossos pecados fossem maior que a sua graça.  
  Contudo Isaías no versículo 9 nos conforta, apresenta um Deus que salva o seu povo dos seus pecados. Sua salvação não está baseada em nossos méritos, mas únicamente  na obra de Cristo Jesus, que é suficiente para o perdão dos nossos pecados, não só do passado, mas do presente, e não se espantem, até mesmo aqueles que vamos cometer no futuro. Maravilhosa e bendita graça.
Solus Christus.  

Nota:
1. WOLFF, Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamento. Tradução Antônio Steffen; 1ª ed. ver. e atual. São Paulo: Editora Hagnos, 2007, pp. 85-89.

              

sábado, 9 de julho de 2011

    


                                   Um exemplo de pai
    
Em seu livro um “Um rosto para Deus?” Maria Clara Bingemer afirma:
 Assim como abundam os estudos sobre as conseqüências da privação do cuidado materno, não é dito o bastante sobre os efeitos devastadores da falta da figura paterna, que faz tanta ou mais vítimas que a primeira. Algumas enfermidades atuais, como anorexia, bulimia, dependência tóxica, que estão liquidando as últimas gerações de filhos, podem ser vinculadas diretamente – segundo os últimos estudos da psicologia – ao vazio da figura paterna; (...) estar privado do pai equivale a estar privado da espinha dorsal .1
   O propósito deste texto é elaborar a figura de um pai exemplar. Um pai capaz de dar aos seus filhos/as, cuidados necessários para o desenvolvimento moral, social e espiritual. Na busca de um paradigma. Buscamos no Deus da Bíblia traços importantes sobre a figura paterna. Depois de apresentarmos estes traços aplicaremos os mesmos a nossa realidade.
Traços paternos de Deus
 Amor – na Bíblia este substantivo expressa a essência do caráter de Deus (1Jo 4.16), “... é aquela parte da sua natureza que O move a doar-se a se mesmo, em termos de afeição, e a manifestar Seu interesse em atitudes de cuidado e auto-sacrifício pelo objeto do Seu amor”2                                                                                                                                                          Cuidado – Deus nas Escrituras se manifesta como pai atencioso com os seus filhos. Ele valoriza a vida do ser humano em sua completude. Satisfaz todas as necessidades físicas, morais, espirituais (Mt 6.25-34).
 Proteção – encontramos na Bíblia metáforas que revelam Deus como protetor dos seus Filhos. Dentre elas citaremos o salmo 91.4 que diz “De suas asas ele faz para ti um abrigo, e debaixo da sua plumagem te refugias”. O poeta neste salmo compara Deus a um pássaro que oferece amparo, conforto, e assistência para os seus filhos em todos os momentos.
Perdão – “... é dado por Deus a alguém que é totalmente indigno de recebê-lo. Este perdão não é parcial ou condicional; pelo contrário, ele é completo e imparcial, restaurando novamente o ser humano com Deus”. 3
Companheirismo – significa que Deus como pai esta com os seus filhos em todos os momentos. Não os abandona e nem se esquece (Is 49.15) dos seus, pelo contrário, Deus promete acompanhá-los e conduzi-los até o fim (Sl 23.4,6; 48.15).
Intimidade – reflete a amizade profunda do Divino com o ser humano ao ponto de Deus partilhar os seus segredos com o homem (Gn. 18.17; Tg 2.23).
Disciplina – No Grego do Novo Testamento esta palavra disciplina significa paideia. Strong define como: “todo o treino e educação infantil que diz respeito ao cultivo de mente e moralidade (...) instrução que aponta para o crescimento em virtude”4 O escritor aos Hebreus no capítulo 12. 5-11 ensina que Deus como pai disciplina, corrige os seus filhos. Sua disciplina visa à educação, moralidade e justiça.
Aplicação
Segundo a Bíblia os seres humanos foram feitos “imagem e semelhança” de Deus. Isto significa que nós humanos e de forma especial pais, temos traços ou qualidades em nossa natureza que caracterizam “imagem e semelhança de Deus”. Por exemplo, amor, bondade, espiritualidade, etc... Com isso acreditamos na possibilidade de usarmos estes traços acima citados e aplicá-los em nossas vidas.
Ser um pai exemplar é encarnar o amor de Deus na fala, no gesto e na ação. Cuidar dos filhos/as integralmente corpo, mente e espírito. Tornar-se um lugar de refugio e amparo em todos os momentos. Perdoar incondicionalmente, que a misericórdia e a longanimidade sempre precedam o juízo. O companheirismo seja elo para uma intimidade sadia e fecunda. As disciplinas e correções tenham como objetivo à educação, desenvolvimento e aprendizagem.

Notas:
1.       BINGEMER CLARA, Maria. Um rosto para Deus?São Paulo: Paulus, 2005, p.85.
2.       FILHO BORTOLLETO, Fernando (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, P.32,33.
3.       FILHO BORTOLLETO, Fernando (Org.), op.cit. p.780.
4.       JAMES, Strong. Dicionário bíblico. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002, p. 1558.

                                                                                                                  

segunda-feira, 21 de março de 2011

Calvino vida, obras e pensamentos

INTRODUÇÃO


   Bem sabemos que as reformas na Europa foram fundamentais para o surgimento e a consolidação do protestantismo atual. Muitos foram os homens que estiveram engajados pelo retorno da igreja ao evangelho. Dentre estes reformadores teremos como alvo o francês João Calvino. A apresentaremos sua biografia, obras  e alguns de seus pensamentos que consideramos importantes.  

  1.  João Calvino
1.1.  Sua vida e obras
       Segundo Earle Edwin Cairns poderíamos separar a vida de Calvino em dois grandes períodos. Até 1536, Calvino teria sido um estudante itinerante; de 1536 até sua morte em 1564, com exceção dos três anos de seu exílio em Estrasburgo, Calvino foi o grande líder de Genebra. 1  Ele nasceu em Noyon, cidade diocesana situada cerca de  95 Km ao nordeste de Paris2 em 10 de julho de 1509.3  Seu pai se chamava  Gérard Cauvin, que era assistente administrativo do bispo de Noyon. Sua mãe era Jeanne Cauvin que morreu quando Calvino tinha apenas 5 ou 6 anos. 4 Calvino teve educação cuidada e boa formação humanista. Passou um ano no Colégio de la Marche, em Paris, e quatro anos no Colégio Montaigu, donde saiu Mestre em artes. Depois deveria ter começado estudos de teologia, mas seu pai contrariando a primeira intenção, fez que estudasse direito. 5 Em 1532 recebeu seu diploma de direito na Universidade de Bourges.6 No final de sua vida , Calvino revelou sua “conversão inesperada”, que segundo estudiosos, teve lugar em algum momento dos anos de 1533-34. 7  Em Estrasburgo se casou com Idelette Bure em 1540. Casamento este que durou até 29 de março de 1549, quando sua esposa faleceu. 8 Calvino morreu em 27 de maio de 1564.9
       Várias são as obras de Calvino: Sobre a Clemência, de Sêneca; Comentários sobre o Antigo Testamento (Pentateuco, Josué, Salmos e Isaías) e todo Novo Testamento (com exceção de 2 e 3 João e Apocalipse); Sermões; Folhetos e Tratados  (sobre os reformadores radicais, católicos romanos, luteranos, reforma na igreja, santa ceia e predestinação); Cartas; Escritos Litúrgicos e Catequéticos e as Institutas que passou por vários processos de edições e revisões sendo que a de 1559 foi a final.10
1.2.  Pensamentos
   Segundo Alister McGrath “para se entender Calvino é necessário ler Calvino”11 por isso buscaremos o pensamento de Calvino nas Institutas sem, contudo deixar de lado os historiadores que serão posso dizer como “guias” nos conduzindo com segurança para a elaboração deste trabalho.
I. Conhecer Deus é tudo: No Capítulo I do primeiro livro de sua obra ele começa afirmando que o resumo de nossa sabedoria que deve ser sólida e verdadeira consiste em duas partes - Primeiro “o conhecimento de Deus”; segundo, “o conhecimento de nós mesmos”12. Sendo que o conhecimento de Deus é fundamental para podermos nos conhecer porque do contrário segundo Calvino “... o homem jamais chega a um conhecimento puro de si sem que, antes, contemple a face de Deus, e, desça para inspeção de si mesmo”. 13 Para Calvino Deus se torna conhecido como Criador “tanto na obra do mundo quanto na doutrina geral da Escritura”; e como Redentor “na imagem de Cristo”14
II. O pecado original: Quando a humanidade foi criada por Deus em sua forma original ela refletia bondade em todos os seus aspectos. Porém a queda do ser humano prejudicou os seus dons. 15 Que podemos dividir em dois grupos o primeiro são os sobrenaturais: a fé e a integridade. O segundo são os naturais: o intelecto e a vontade. 16
III. Jesus Cristo: Para Calvino Jesus só poderia ser nosso Mediador se “fosse verdadeiro Deus e verdadeiro homem”17. Calvino entendia que só por meio de Cristo o ser humano pode se aproximar de Deus. O Homem por mais incontaminado que fosse do pecado jamais poderia se achegar a Deus se não por Cristo, ou seja, nosso Mediador. Por isso Cristo como nosso Mediador veio pelo menos segundo Calvino com três propósitos estabelecidos por Deus que em Cristo seria matéria sólida da salvação. Jesus seria Profeta, Rei e Sacerdote. Como Profeta foi ungido com o Espirito Santo para pregar e testemunhar da graça de Deus18. Segundo Calvino a natureza do Reino Cristo é espiritual “uma vez daí se conclui o que Ele vale e confere para nós com toda a sua força e eternidade”. 19 Como nosso Sacerdote somente a Cristo coube esta honra “... uma vez que o sacrifício de sua morte apagou nossas faltas e satisfez com relação aos nossos pecados”. 20  
IV. Justificação pela fé: Calvino defendia que só seria justificado pela fé aquele que abandona sua justiça referenciada pelas obras, mas por meio da fé veste a justiça de Cristo de forma que na presença de Deus ele é visto como justo. Ele define que a justificação é forma como Deus nos recebe pela sua graça e nos justifica. Pela justificação somos perdoados e absolvidos pela justiça de Cristo. 21  
V. PREDESTINAÇÃO:
Chamamos predestinação ao decreto eterno de Deus pelo qual determinou o que quer fazer de cada um dos homens. Porque Ele não os cria com a mesma condição, mas antes ordena a uns para a vida eterna, e a outros, para a condenação perpétua. Portanto, segundo o fim para o qual o homem é criado, dizemos que está predestinado à vida ou à morte. 22
    Com base na exposição de Timothy George a doutrina da predestinação pode ser sintetizada em três palavras. A primeira é que a predestinação é absoluta, pois sua base é a vontade imutável de Deus. A predestinação em segundo lugar é particular, pois se destina apenas a indivíduos e não ao um conjunto de pessoas. Por último a predestinação é dupla significa que para manifestação da misericórdia de Deus alguns indivíduos foram destinados para a vida eterna, e outros para a manifestação da justiça de Deus à condenação eterna. 23
VI. Sacramentos: Sobre os sacramentos Calvino fala da importância de aprender o propósito desta instituição. Por isso ele trás duas definições sobre o que é um sacramento. Em primeiro lugar sacramento é um símbolo externo com o qual o Senhor tem como objetivo marcar em nossas consciências as promessas de sua bondade para conosco. Para Calvino os sacramentos abastece nossa fé em meio a nossa fraqueza e habilita nosso testemunho diante de Deus, dos anjos e entre os homens. Em segundo lugar o sacramento é uma declaração da graça de Deus para conosco ela é demonstrada de forma visível por meio de um recíproco testemunho diante de Deus. 24 Ele aponta o batismo como sacramento que testemunha nossa purificação e a eucaristia como nossa condição de salvo. 25 
VII. Igreja: Calvino define a igreja como invisível, pois só Deus a conhece, e a igreja visível, onde os cristãos são ordenados a honrar e manter comunhão com ela. 26 Para Calvino a igreja se torna conhecida de duas formas: Primeiro “onde a palavra de Deus é sinceramente pregada e ouvida”; segundo, onde “os sacramentos são administrados segundo a instituição de Cristo” e conclui “não podemos de modo algum duvidar de que ali está uma igreja de Deus”. 27
VIII. Estado: Calvino definia o governo civil em três partes: “o primeiro diz respeito ao magistrado, que é o guardião e defensor das leis; o segundo, à legislação mediante a qual o magistrado governa; o terceiro, diz respeito ao povo que deve ser governado pelas leis e obedecer ao magistrado” 28 Os magistrados tinha a responsabilidade de manter a tranquilidade, a ordem, a moralidade e a paz pública. 29 Para Calvino o poder civil era uma vocação, santa e legítima para Deus e considerada “a mais sagrada e honrosa de todas as vocações.”30 Por isso o magistrado “deve se empenhar na manutenção da honra divina”. 31

Considerações finais
   Embora nossa abordagem tenha sido mínima em relação à vida, obras e pensamentos de Calvino. No entanto podemos perceber nestas poucas linhas acima escritas que Calvino era um escritor fecundo, sua formação humanista lhe deu ferramentas fundamentais para sua vida intelectual principalmente em questões políticas e sociais e seu conhecimento bíblico lhe deu um espírito arguto na elaboração de seus pensamentos teológicos.

Notas:
  1. CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja Cristã. 2º ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 278.
  2.  LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo Sinodal/IEPG, 2001. p.298.
  3. GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores: uma história ilustrada do cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. p. 107.
  4. GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. p. 168.
  5. LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário crítico de teologia. São Paulo: Paulinas/Edições Loyola, 2004. p. 333.
  6. CAIRNS, op. cit., p.280.
  7. LINDBERG, op. cit. p. 300.
  8. WACHHOLZ, Wilhelm. História e teologia da Reforma: Introdução. São Leopoldo: Sinodal, 2010. p. 76.
  9. GONZALEZ, op. cit. p. 117.
  10. GEORGE, op. cit. p. 185-188.
  11. MCGRATH, Alister. A vida de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 171.
  12. CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 1. p. 37.
  13. CALVINO, op. cit. p. 38.
  14. CALVINO, op. cit. p. 40.
  15. MCGRATH, op. cit. p. 183.
  16. GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 147.
  17. CALVINO, op. cit. p. 441.
  18. CALVINO, op. cit. p. 469-470.
  19. CALVINO, op. cit. p. 471.
  20. CALVINO, op. cit. p. 476.
  21. CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 2. p. 193.
  22. CALVINO, op. cit. p. 380.
  23. GEORGE, op. cit. p. 232.
  24. CALVINO, op. cit. p. 692.
  25. CALVINO, op. cit. p. 711.
  26. CALVINO, op. cit. p.474.
  27. CALVINO, loc. cit.
  28. CALVINO, op. cit. p.878.
  29. CALVINO, op. cit. p.884.
  30. CALVINO, op. cit. p.879.
  31. CALVINO, op. cit. p.883.


BIBLIOGRAFIA
CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja Cristã. 2º ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 1.
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 2.
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993.
GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores: uma história ilustrada do cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995.
GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário crítico de teologia. São Paulo: Paulinas/Edições Loyola, 2004.
LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo Sinodal/IEPG, 2001.
MCGRATH, Alister. A vida de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
WACHHOLZ, Wilhelm. História e teologia da Reforma: Introdução. São Leopoldo: Sinodal, 2010.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Qual é o seu grupo?


      Postado por: Edson Pereira

      A teologia como ciência se destina a interpretar e dar provas concretas acerca da nossa fé, tendo como fundamento as Escrituras. Porém a Teologia Cristã deste o seu nascedouro com os Pais da Igreja, Idade média, Reforma Protestante e em nossos dias, embora tenha a Bíblia como seu princípio norteador, nela reside uma diversidade de interpretes que usam a Bíblia como sua fonte de interpretação teológica. E aqui eu quero dividir com base na História do Pensamento Cristão essa diversidade de interpretes em dois grupos.

     O primeiro grupo se destina a interpretar as Escrituras a partir da exegese, que extrai da Bíblia os princípios que darão norte a sua teologia. O segundo grupo é aqueles que interpretam as Escrituras a partir da eisegese, enxertam na Bíblia aquilo que eles pensam e com isso estabelecem sua teologia. Com isso acredito que estas duas maneiras de se fazer teologia tem sido determinante na construção teológica do pensamento cristão.

    Estes dois grupos estiveram deste o princípio caminhando sempre de lados opostos e com certeza nós fazemos parte de um destes dois grupos, com isso convido a todos para refletir em que grupo nós estamos inseridos. Que Deus nos ajude.

SOLUS CHRISTUS.





Análise dos Cânones de Nicéia

Postado por:Edson Pereira

INTRODUÇÃO
Nesta análise dos Cânones do Concílio de Nicéia destacaremos dois pontos que norteiam estes cânones. Primeiro o Clero exercendo sua autoridade. Segundo, a forma como o clero administrava as questões eclesiais. Nesta exposição procuramos sistematizar esta análise conforme os dois pontos acima citados.
1. O Clero
1.1. Sua autoridade
Encontramos nestes cânones a influência e autoridade do clero. Primeiro, na ordenação dos bispos. No cânon IV para um bispo ser escolhido era necessário o apoio de todos os bispos ou no mínimo três. Sendo que esta escolha deveria passar pela aprovação do metropolita. O metropolita tinha jurisdição sobre os outros bispos. Na sua província tinha a competência de todas as questões. Ele convocava e presidia os concílios. 1
Em segundo, o primado2 das jurisdições. O cânone VI diz que a autoridade do bispo de Alexandria repousaria nas regiões do Egito, Líbia e Pentápolis. Em Roma sobre a jurisdição do bispo romano. Assim também em Antioquia sobre a autoridade do seu bispo e como as demais regiões com os seus respectivos bispos.
Terceiro, conferir honras. No cânon VII o bispo de Aélia (Jerusalém) deveria ser honrado como predominava a tradição.
Por último, restrições clericais. Os eunucos que se castrassem não seriam aceitos, salvos aqueles que eram vítimas de enfermidades ou mutilados pelos bárbaros afirma o cânon I. No cânon II era proibida a ordenação de neófitos. O III cânon proibia a “coabitação com mulheres”. 3
2. Administração eclesiástica
2.1. Na realização dos sínodos – Para investigar os motivos relacionados à excomunhão foram estabelecidos dois sínodos: um seria realizado na quaresma e outro no outono conforme o V cânon.
2.2. Na admissão dos movimentos cristãos marginais – Cátaros, cânone VIII e os Paulianistas cânone XIX.
2.3. Disciplina
2.3.1. No clero – aqueles que foram ordenados sem uma prévia avaliação e considerados culpados de crime seria depostos conforme o IX cânone. O cânone X diz que os apóstatas deveriam ser demitidos. No cânone XVII alguém que praticasse usura ou recebesse 150% do que emprestou seria deposto.
2.3.2. Na igreja – Os cristãos que caíram sem coerção, espoliação, etc. Seriam genuflectores por doze anos de acordo com o cânon XI. Ex-soldados que retornaram as atividades militares eram excomungados por dez anos diz o XII cânon. No cânon XIV os catecúmenos que apostataram passariam três anos apenas como ouvintes.
2.4. Enfermos – Os enfermos deveriam receber a eucaristia cânone XIII.
2.5. Advertências – Contra os desertores cânones XV e XVI.4 Os diáconos no cânon XVIII foram advertidos a não exercerem as funções dos presbíteros, mas atuarem dentro de suas funções.
2.6. Dias solenes – Nos dias do Senhor e Pentecostes todas as orações deveriam ser realizadas em pé cânone XX.

Considerações finais
Em nossa análise dos vinte cânones de Nicéia percebemos a forte atuação do Clero na imposição de sua autoridade para ordenar, delegar poderes e restringir ações contrárias as suas regras. Depois a forma como eles administraram as necessidades eclesiais como os sínodos, admissão dos cristãos marginais, disciplina, enfermos e dias solenes.

Fontes: 1. BERARDINO, Angelo Di (Org.). Dicionário patrístico e de antigüidades cristãs. Tradução de Cristina Andrade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 104.2
2. LACOSTE, Jean-yves (Org.). Dicionário crítico de teologia. Tradução Paulo Meneses, et al. São Paulo: Paulinas : Edições Loyola, 2004, p. 1252.
3. Loc cit.
4. Loc cit.
5. http://www.e-cristianismo.com.br/pt/historia/documentos/50-
canones-do-concilio-de-niceia.

A família na terceira idade

Postado por:Edson Pereira
Texto: Salmo 71. 14-18

1. A velhice é inevitável

1.2. Para todos os seres humanos e animais;
1.3. “Vivemos envelhecendo e envelhecemos vivendo”;
1.4. Ela não é um fim em se mesma, mais uma nova etapa da vida;


2. Sinais da velhice
2.1. Mudanças no corpo
a) Mudanças na aparência;
b) Mudanças sensoriais;
c) Mudanças sistêmicas;
d) mudanças sexuais;

2.2. Mudanças na mente
a) Memória fraca;
b) Raciocínio lento;
c) Dificuldade em compreender idéias novas e de desenvolvê-las;

3. Imagens negativas sobre a velhice
3.1. Sobre sua capacidade física
a) Invalidez – para nada mais presta, que perdeu a validez;

3.2. Sobre sua capacidade mental
a) Equilíbrio – domínio próprio da vontade, emoções e etc. O idoso (a) é tratado como alguém que não tem mais capacidade para decidir as coisas da vida;
3.3. Sobre sua capacidade social
a) Rejeição – a velhice torna estas pessoas inabilitadas para o convívio social, são consideradas: desatualizadas, desengajadas e de difícil convívio;

4. A velhice e os “dois lados de sua moeda”
4.1. Ganhos
a) Genros, noras, netos e netas;
b) Sucessão;

4.2. Perdas
a) Não somos permanentes;
b) A morte se aproxima;

5. Um novo olhar sobre a velhice
5.1. A velhice é uma dádiva de Deus: “Só pode envelhecer quem recebeu de Deus a graça de viver”;
5.2. A velhice valoriza a vida;
5.3. A velhice revela nossa história;
5.4. A velhice é uma nova escola onde desenvolveremos novas habilidades;
5.5. A velhice é o triunfo daqueles que sobreviveram em meio às tempestades da vida;

6. Como enfrentar a velhice?

Salmo 71. 14-18

I. Esperando em todo tempo no Senhor v.14
a) Alegria
b) Dor
c) Fartura
d) Enfermidade
e) Morte

II. Em adoração profunda v.14/b, 15
a) Cada momento e cada instante a nossa adoração se torna mais intensa;
b) Pela sua graça que é sem medida v. 15 – para Justificar e para salvar

III. Lembrando dos feitos e atributos do senhor v. 16,17
a) Em todos os momentos v.16
b) Conforme a revelação do Senhor v. 17

IV. Cumprido sua missão v.18
a) Proclamar a glória do Senhor
b) Levar todos a se prostrarem diante do Rei da Glória



Referências:
1. COLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: edição século 21. São Paulo: Vida Nova, 2004.
2. HERTEL, Hildegart; HEIDEMANN, Enos. Vivemos envelhecendo, envelhecendo vivemos. 2. Ed. São Leopoldo, RS: Sinodal, 1994. (Crer e Viver; 10).

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Deus Procura Adoradores que O Adorem

EXPOSIÇÃO (Texto: João 4.20-30 )
Introdução

Nesta exposição sobre adoração queremos tratar como ela deve ser parte de um todo para a nossa vida e que Deus quando nos criou tinha esse propósito mente (Is 43.21). Em primeiro lugar abordaremos algumas definições do termo na Bíblia, em segundo lugar com base no texto do Evangelho de João no capítulo quatro que tem aquilo que quero denominar a chave bíblica da verdadeira adoração. Neste texto encontramos os seguintes pontos sobre a adoração:

1. Impedimentos a verdadeira adoração;
2. A verdadeira adoração;
3. Os efeitos da verdadeira adoração.

I. Definição.

i. Adorar significa render-se, servir, reverenciar.

II. Impedimentos a verdadeira oração (vs. 20-22)

i. Quando os lugares e não Deus se torna o objeto da nossa adoração (v.20/a);
ii. Quando o exterior excede o interior (Is 29.13, Mt 15.8-9);
iii. Quando somos ingratos e desinteressados em honrar a Deus (Lc 17.11-17);
iv. Quando nos conformamos com os moldes deste mundo (Rm 12.2);
v. Quando não confessamos nossos pecados (is 1.15, 52.2, 6.50);
vi. Quando é falsa e ignorante (v.22/a, At 17.22,23);
vii. Quando as boas intenções ferem os princípios de Deus (IISm 6.1-8, Nm 1.50-53);
viii. Quando o homem torna-se o centro das atenções ( At 12.21-23, Is 42. 8).

III. A verdadeira adoração (Vs 23-24)

i. É “em espírito” é adorar com o interior da alma, é adorar com a razão – quando o culto é oferecido de mente coração, culto inteligente; (Rm 12.1)
ii. É “em verdade” é adorar com sinceridade, adorar de acordo com a Palavra de Deus que revela sua verdade (Sl 51.6,17);
iii. É “de coração, alma, mente entendimento e forças (Mc 12.30)
a. Coração – é a sede da roda da existência humana, a fonte de todos os seus pensamentos, palavras e ações (Pv 4.23);
b. Alma – o reservatório de atividades emocionais do ser humano;
c. Mente – não é somente o centro da vida intelectual, mas a capacidade de pensar e refletir religiosamente;
d. Forças – implica em corpo físico desenvolver sua capacidade, talento e ação.

IV. Os efeitos da adoração (Vs 28-30)

i. Evangelização (Vs 28-30, At2.47)
ii. Segurança (Sl 91)
iii. Comunhão (At 2.42-47, 4.32)
iv. Santificação (VS 17-19, 28, 29, Is 6.5-7), quando confessamos nossos pecados e o deixamos, Cristo torna-se doce justamente na medida em que nosso pecado se torna amargo para nós;
v. Visão transformada (Hc 3.16-19)
vi. Preocupação com Glória de Deus (1Co 10.31).

Conclusão

É nossa oração que esta exposição venha trazer luz a este tema tão fundamental para igreja onde os cultos se tornaram um self service (onde o templo se tornou não um lugar de adoração, reverencia, gratidão e exposição fiel das Escrituras, mas um lugar onde as pessoas escolhem a “comida” a seu modo, visando somente à satisfação do seu ventre (Fl 3.19) e não no propósito estabelecido por Deus que é glorificá-LO e se deleitar Nele para sempre.

Que esta mensagem venha transformar a nossa visão, e que a cada dia sejamos verdadeiros adoradores.