Faço parte da sociedade calvinista

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Lições Bíblicas – 1 João

Os Fundamentos da fé Cristã e a perfeita comunhão com o Pai.

Introdução

Conforme veremos ao longo destes comentários expositivos baseados na primeira carta do Apóstolo João, que sempre foi objetivo do maligno tentar anular o valor da Humanidade, Divindade e do sacrifício expiatório de Cristo na cruz do Calvário, e conseqüentemente levar os cristãos a conformar-se com os prazeres da carne (sua natureza pecaminosa, que representa tudo aquilo que é oposto à vontade de Deus e sua Palavra), e com os prazeres transitórios do mundo (se refere à humanidade em rebelião declarada contra Deus e sua Palavra, é um sistema que tem o Diabo como o seu senhor). O Apóstolo João trata com veemência essas heresias ensinadas por falsos mestres que queriam anular o Evangelho de Cristo Jesus.

I. ENTENDENDO A CARTA DE JOÃO, O APÓSTOLO

Se examinarmos a segunda e a terceira epístolas de João, notaremos nelas traços que indicam uma carta. Como por exemplo, elas apresentam título do remetente, os destinatários, as saudações iniciais, a mensagem pessoal e as saudações finais. Embora não haja informações quanto à local e data, essas cartas atribuídas a João são comparáveis, em termos de forma, ás epístolas escritas por Paulo.
Na Primeira Epístola de João os termos são bem diferentes. O nome do remetente e dos destinatários não é mencionado, não há saudações, benção, lugar de origem ou destino. Em razão disso muitos são as sugestões sobre esta epístola. Alguns têm sugerido que ela seria um ensaio, tratado ou sermão. Outros discutem a possibilidade de que seria uma carta circular, ou um pequeno “folheto” circular que tinha seu uso nas igrejas pastoreadas por João, na região da Ásia menor. Porém por mais interessantes que sejam estas sugestões, afirmamos que ela é uma epístola, pois do começo ao fim, a carta revela um conhecimento pessoal do autor em relação aos destinatários. Ele se dirige aos leitores chamando-os de “amados” e “filhinhos” e se utiliza de pronomes pessoais como nós e eu.
II. CONHECENDO A AUTOR DA CARTA

Filho de Zebedeu e de Salomé. Ele e seu irmão Tiago eram pescadores (Mt 4.21). João Batista o apresentou a Jesus (Jo 1.35-39), que o chamou para ser apóstolo (Mc 1.19-20). Era do grupo mais íntimo de Jesus (Mc 5.37; Mt 17.1; 26.37). Ele e Tiago são chamados de BOANERGES. João é provavelmente o discípulo amado (Jo 13.23). Foi ele o único discípulo que permaneceu perto da cruz (Jo 19.26-27) e o primeiro a crer na ressurreição de Cristo (Jo 20.1-10). Após o Pentecostes, trabalhou inicialmente com Pedro (At 3.1-4.22; 8.14-17; Gl 2.9). A tradição diz que João viveu em Éfeso até uma idade bem avançada. É considerado o autor do Evangelho de João, das três epístolas que levam o seu nome e do Apocalipse.

1. Um autor com uma característica singular.

O autor desta epístola se apresenta como alguém que é uma testemunha ocular (1 Jo 1. 1-4). Ele pertence não somente ao círculo amplo de seguidores do Mestre, mas, de acordo com a tradição, é um dos Doze e, dentro desse grupo seleto, é um dos três (Mc 5.37; 9.2; 14.33). Ele é o que se apresenta como sendo o “discípulo a quem Jesus” amava (Jo 13.23). Ninguém conhecia Jesus melhor do que ele. Ele caminhou com Jesus diariamente, tendo tido amplas oportunidades de observar suas falhas de caráter e seus defeitos de personalidade. Na noite mais sagrada de todas, a noite da Ceia, ele reclinou-se em seu peito. Por ocasião da crucificação, ele foi o discípulo que permaneceu nas proximidades do Calvário, tendo também, posteriormente, entrado no túmulo (Jo 13.25; 19.26; 20.8). É esse mesmo discípulo que, como autor desta epístola, não se envergonha de proclamar a todos que este mesmo Jesus da História, que ele tão bem conhecia, é o próprio Deus.

III. O PROPÓSITO DA CARTA DE JOÃO

Quais foram os problemas enfrentados pela igreja na segunda metade do século primeiro? Vejamos o que motivou João a escrever esta carta:

1. Erro concernente a Cristo.
João defendeu a humanidade de Cristo por ocasião da sua encarnação, como da sua Divindade que não fora anulada na encarnação, em outras palavras a existência da natureza humana e divina de Cristo. Os falsos mestres recusavam-se a confessar que Jesus tinha vindo em carne (4.2,3). Negavam que Jesus é o Cristo (2.22) e que ele é o Filho de Deus (2.23; 4.15). Ensinavam que Jesus Cristo não podia ter vindo em forma humana. Quem eram esses falsos mestres? Faremos agora uma breve análise de suas principais idéias:
Eles são conhecidos como gnósticos, o termo gnóstico é de origem grega gnosis (conecimento). Eles exaltavam a aquisição de conhecimentos, pois, a seu ver, o conhecimento era o fim de todas as coisas. Declaravam que a matéria era má. Os seus ensinos eram distorcidos e se baseavam nas muitas imperfeições que observamos na natureza. Ensinavam os seguintes pontos:
• O mundo é mau. O mau causa uma separação na forma de um abismo intransponível entre o mundo e o Deus supremo. Assim, o Deus supremo não pode ter criado o mundo.
• O Deus do Antigo Testamento criou o mundo. Ele não é o Deus supremo, mas um poder inferior e perverso.
• Qualquer ensinamento sobre a encarnação é inaceitável. É impossível ao Verbo divino viver num corpo impuro.
• Não pode haver ressurreição do corpo. Aqueles que são libertos ficam livres dos grilhões de um corpo impuro.

2. Auto-engano moral.

Esses falsos mestres afirmavam que o nosso comportamento moral em nada afeta em a nossa relação com Deus. Eles tinham uma visão distorcida do pecado e da lei. Vejamos o que eles ensinavam:

• Estarem livres de pecado (1.8);
• Afirmavam não ter pecado (1.10);
• Negavam que para se obter comunhão com Deus fosse necessário o cumprimento da verdade (1.6);
• Recusavam-se a seguir o exemplo que foi deixado por Jesus durante seu ministério na terra (2.6);
• Afirmavam estar em comunhão com Deus, mesmo estando em trevas (1.6);
• Diziam que conheciam a Deus, mas na verdade eram mentirosos, pois não obedeciam a Palavra de Deus (2.4).

Conclusão

“Os problemas que João enfrentou em sua época são também os problemas da época em que vivemos, os objetivos que ele estabeleceu para si são os objetivos que os cristãos de hoje precisam ter se desejam crescer na graça”. James Montgomery Boice

Obras consultadas:

Blaney, Harvey J. S. – A Primeira Epístola de João. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 10, CPAD.
Ebenezer, Dicionário Bíblico.

Epístolas Gerais – Introdução e comentário. Apostila do Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste.

Hendriksen, William – O Evangelho de João. Editora Cultura Cristã.

Kistemaker, Simon J. – Comentário do Novo Testamento: Tiago e Epístolas de João – Editora Cultura Cristã.

Silva, Eliezer de Lira – 1 João – Os fundamentos da fé cristã e a perfeita comunhão com o pai.


terça-feira, 7 de julho de 2009